quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

A apresentação

Poucos dias após a última experiência, Danilo deita-se numa determinada noite sem muita expectativa. Ele adormece e parece despertar num sonho o qual está caminhando numa floresta. Após alguns passos ele se dá por consciente em seu sonho e, sendo assim, este passa a não mais ser sonho e Danilo entra em projeção.
Reparando ainda a Floresta, Danilo se coloca a pensar onde estaria e olha ao seu redor, neste momento ele repara logo à sua direita. Era a caverna a qual esteve em sua última projeção. Sem hesitar ele entra adentra ao escuro túnel natural.
De fato a mesma caverna, todos os detalhes reparados em sua última estadia estavam ainda presentes, então, como que conhecendo o caminho, Danilo acelera de modo a chegar logo ao fundo desta.
No final dela, estavam a tocha e cadeira, esta última estranhamente vazia. Ele gostaria de encontrar novamente a entidade, mas ela parecia não estar lá. A mente de Danilo se enche de perguntas quando em seu lado direito é sentido uma presença, era a entidade. Ela estava e não foi notada ou havia chegado ali muito rápida e sorrateiramente.
Danilo dá um passo atrás com certo medo, temendo ser repreendido pela invasão. A entidade se movimentando lentamente com sua bengala vai em silêncio até a cadeira. E quando ela senta diz à Danilo: "então você voltou..." Danilo fica um pouco surpreso e ainda mais confuso. A entidade, agora ajeitada em sua cadeira defere uma pergunta ao rapaz: "Então, o que procura aqui?" Danilo confuso e movido somente por um sentimento de atração responde em reflexo: "não sei." Aquilo parece ter mudado a expressão de emoção da entidade que se levanta e olha fixo nos olhos dele.
Danilo, quase apavorado, fica estático olhando para frente quando a entidade o circula e lhe diz: "você aprendeu bastante, mas ainda pode aprender e fazer mais, está disposto mesmo?" Danilo, pensa duas vezes, relevando, pois não ainda sabia se tratava-se de uma entidade de luz ou não. E antes que pudesse responder a entidade parece ter sido capaz de ler seu pensamento e assim, ela pergunta-lhe novamente: "Tens dúvida de quem sois? Temes por não ver luz em mim?" Após esta última pergunta a entidade dá alguns passos para trás, se eleva do chão e começa a emitir uma fortíssima luz branca.
Danilo cai no chão e fica paralisado, mas ao mesmo tempo muito aliviado e contente por saber que a entidade tratava-se de uma entidade de luz, ou seja, uma entidade boa, forte e sábia. Ao mesmo tempo que ele notava aquela grande energia, imagens apareciam em sua mente como se mostrando as vidas, as experiências e as facetas daquela grande entidade disfarçada na forma de uma velho através dos tempos.
Danilo descobre que a entidade na verdade era um ser de muita luz, chamado de orientador ou mestre que trabalhava com instrução de outros seres. Então, sentindo-se muito honrado, Danilo se ajoelha diante da enorme entidade que parece se desinflar e a grande luz se volta para dentro daquele velho corpo cinzento. Então, já de volta a forma de um velho a entidade, humildemente ajuda Danilo a se levantar, como não querendo ser venerada.
Danilo, muito feliz com aquilo tudo, agradece a entidade, que alegremente lhe pede para sentar-se com ela no chão, de frente ao pequeno rio que corria toda a caverna. A entidade senta-se com ele colocando a bengala no chão. Curiosamente Danilo olha para o grande pedaço de madeira e a entidade mentalmente lhe fala: "cajado", Danilo surpreso, pergunta: "o quê?" E a entidade lhe responde "cajado" E continua: "você pensou em bengala, bengala é um pedaço de madeira que ajuda um velho a se locomover, o que você vê à sua frente é um cajado." Danilo, surpreso com a leitura do pensamento sem mesmo mentalmente ter sido pensado, exibe um sorriso e se fixa sobre o chão da agradável caverna.
Danilo, recordando-se de suas instruções sobre discípulos e mestres sabia que não precisaria muito perguntar e permanece em silêncio por algum tempo quando a entidade começa: "primeira grande lição meu filho: não julgais as pessoas somente pelo que você vê. Seja onde, quando ou como for. Você poderá encontrar das mais fabulosas, humildes e ótimas pessoas nos lugares mais inimagináveis possíveis. Não condene nada nem ninguém só porque num primeiro momento ela não lhe causou uma boa impressão. Vou lhe contar uma estória antiga; uma moça muito bonita responsável por certos serviços da monarquia foi certa vez enviada a uma viagem para a transmissão de uma mensagem. Na escalada dos membros ela notara o nome de um rapaz o qual tinha muita apatia. O rapaz era um jovem camponês que teve o rosto gravemente ferido devido a um acidente no campo, sua educação fora difícil e não lhe renderam modos semelhantes àqueles do grande reinado. A moça tomou a folha da mão do escrevente e foi até responsável pela diligência reclamar pela presença do rapaz.
O responsável informa à moça que um dos baetas, responsável pelos cavalos, ficara doente e caiu em convalescença e garoto iria substituí-lo naquela viagem. A moça irritada pela presença do pobre rapaz na viagem cede à necessidade. Em tempos atrás o pobre rapaz muitas vezes observava a linda moça quando ela passava em seu caminho e isso a irritava muito.
Durante certo trecho da viagem, sobre a curva de um penhasco a carruagem tem uma de suas rodas quebradas e todos caem num agitado rio. A linda moça, presa dentro da carruagem, é incapaz de abri-la do lado de dentro. A água e o desespero tomam conta da jovem mulher que parece ter seu destino selado dentro de sua luxuosa locomoção. Na superfície, já na borda da água, todos os homens que deveriam proteger e zelar pelo conforto da moça estão tranqüilos por suas vidas seguras na areia.
Abaixo d"água a moça parece perder as esperanças quando começa a sentir uma forte batida na lateral de sua carruagem, derrepente um pequeno bloco da janela é quebrado e o rosto que a moça vê é o desfigurado rosto do rapaz que antes ela pedira para não ir. O rapaz puxa a moça pelo braço e como um beijo transfere o ar restante deu seus pulmões para a jovem mulher, dando lhe mais algum tempo de vida. Continuando a bater na empenada porta o jovem rapaz consegue abrir um considerável buraco, suficiente para retirar a moça daquele que antes seria seu túmulo, retira a moça e a empurra para cima com toda sua força.
A mulher chega à superfície segura e encontra os homens do rei deitados na areia se aquecendo ao sol após o banho de fria água. Eles ficam surpresos ao verem a moça subir, ela começa a gritar para que eles voltem para a água para ajudar o jovem rapaz que acabara de salvar sua vida. Os homens meio desconcertados pelo retorno com vida da moça dizem que não vale arriscar a vida pelo filho de um camponês. A moça chorando e gritando implora para que alguém desça quando o corpo do menino sobe à superfície já sem vida.
A moça em pânico esperneia para que alguém entre na água para retirar o rapaz e todos os homens repetem que não iriam entrar na água fria por um camponês. A moça então, ainda fraca, nada até o garoto e o remove da água, ela o coloca na areia e observa que seu corpo não carrega mais vida. Ele dera sua última reserva de oxigênio à moça que quebrou vários ossos batendo na carruagem para libertar a jovem donzela.
Naquele momento, a moça entende a futilidade de sua vida, suas atitudes, e sua sociedade. Com grande choro ela abraça o corpo do pequeno, humilde e deformado rapaz que antes era repelido por ela e agora doara sua vida em prol da dela.
Ao retornar, com muita luta e insistência ela conseguiu que o corpo do valente rapaz fosse levado de volta ao castelo onde ainda ouviu, de alguns dos covardes homens estava com ela na diligência com ela, que foram eles que a salvaram. De seus amigos e amigas ela ouvia para simplesmente jogar o corpo do rapaz aos leões ou mandar um criado queimar no pasto. A moça, tocada pela bondade do rapaz, se sentia imunda e desesperada com tudo aquilo.
Ela sem saber o que poderia fazer ainda pelo rapaz, resolve visitar o local onde este morava. Na periferia do castelo ela chega a uma barraca indicada por pessoas que ali viviam e trabalhavam a qual seria a moradia dos pais do rapaz "do rosto deformado". Ela entra na casa e encontra um humilde senhor descansando em sua cadeira. Ela lhe pergunta e ele confirma ser o pai do rapaz de rosto deformado. O homem, ainda sem saber, recebe a notícia da perda de seu filho através de uma jovem e linda moça do clero da coroa que teve sua vida salva por um filho de camponês. A moça explica a tremenda valentia, pureza e presteza do filho homem para com a vida dela. O pai do rapaz deixa cair lágrimas sobre o chão da humilde cabana e conta que perdera a esposa e quase seu filho anos atrás num incêndio no local. Agora o filho estava morto pelas mãos da água, mas por trás de um grande feito.
A moça pergunta ao velho senhor o que poderia ser feito por ele e para honrar o grande filho. O homem responde que seu filho, jamais hesitaria em mergulhar diante um perigo para salvar quem fosse. E que seu filho já ficaria muito feliz ao ver que seu ato heróico salvou uma vida, então nada além precisaria ser feito.
A moça em lágrimas abraça o velho homem e juntos a choram se perguntando o que acontece de errado com aquele mundo que viviam. O homem lhe responde que o mundo sempre fora assim, as pessoas somente enxergam o que está de belo à sua frente jamais verão a real beleza naqueles que jamais terão uma chance.
A moça volta com o pai do rapaz para o castelo onde tenta solicitar menções honrosas do rei e é simplesmente ignorada. Sem ter conseguido ao menos um pano para cobrir o rapaz a moça o cobre com seu cobertor de dormir onde carinhosamente enrola o cortado e quebrado corpo que lutou até sua morte para salvar a vida de uma estranha que o antipatizava. E sob prece de seu pai e lágrimas de sua salvada, o rapaz de rosto deformado é queimado como um simples camponês, ao lado de onde sua mãe assim o fora."
Terminando a estória a entidade volta-se para Danilo e o pergunta quais mensagens ele pôde identificar. Danilo, tentando organizar suas idéias diante da maravilhosa estória responde à entidade da discriminação da moça, da hipocrisia e falsidade dos soldados dela, do desleixo daqueles com os quais a moça convivia e do despertar da própria moça.
A entidade complementa: "meu caro filho e amigo, esta estória se repete diariamente em todos os cantos do planeta. Tudo isto que você citou talvez, como o pai do rapaz disse, deve jamais deixar de existir neste tipo de planeta. As pessoas vivem num mundo de ilusão, restritas a ele. Acreditam que aquela vida é e será sempre sua única realidade, então dão o máximo de si para si próprias."
"Então, quero que se lembre sempre que uma boa alma você pode encontrar nos lugares mais inesperados possíveis, sendo assim, jamais condene alguém pelo local onde mora, por suas vestimentas, por sua aparência ou mesmo por pequenos atos ou comportamentos. As pessoas têm uma tendência natural a serem boas, mas esquecendo sua origem e submetidas a condições adversas elas fazem ocultar sua origem divina e exteriorizam seus sentimentos, vontades e ações mais impuras. Mas este é o objetivo deste plano e elas devem mesmo fazer isso para serem capazes de aprender."
"Nossa jovem e bela moça da estória pôde ver, após uma situação desespero quem na verdade são seus verdadeiros amigos, quem era de fato bom ou que davam importância à vida alheia. Ela viu a futilidade da vida através de um ato, que um jovem pobre não pensou duas vezes antes de arriscar sua vida diante ao perigo para salvar a vida de uma estranha que o desprezava, mas felizmente, neste caso, a moça ao menos acordou para a verdadeira realidade."
"Muito pode ser dito e interpretado nesta estória, como eu lhe disse, ela acontece todos os dias com todos deste planeta, eles estão dormindo e eles sonhando com uma realidade temporária construída por si mesmos."
"Agora meu filho é sua hora, nossa conversa apenas começou e será bem gradativa, sejamos pacientes e bons. Agora retorne para voltar a dormir" A entidade diz este final de frase sorrindo para Danilo que agradece e preocupado em voltar pergunta como fazê-lo. A entidade lhe responde: "basta desejar meu caro jovem, basta desejar."
Após aquelas últimas palavras Danilo acorda em sua cama, já de dia, e levanta-se para anotar tudo que teve de informações durante aquela última experiência.

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